Cartas Mensais

Carta MCC Brasil – Outubro 2013



“Depois disso, Jesus percorria cidades e povoados proclamando e anunciando a Boa-Nova do Reino de Deus.
 Os Doze iam com ele, e também algumas mulheres que tinham sido curadas de espíritos maus:
Maria, chamada Madalena, de quem saíram sete demônios; Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de Herodes; Susana e muitas outras mulheres, que os ajudavam com seus bens” (Lc 1, 1-3).

Muito queridos irmãos e irmãs, chamados que somos todos para a missão de anunciar o Reino de Deus:

À luz da fé, com a graça da ternura do Pai, a presença amorosa do Filho e a fortaleza sempre presente do Espírito Santo, chegamos à nossa centésima septuagésima Carta mensal para o Movimento de Cursilhos do Brasil e, por extensão, para os que benevolamente se interessam por estas reflexões brotadas da Palavra de Deus. Quando, em setembro de 1999, comecei a escrever as Cartas tinha por objetivo propor ao MCC do Brasil elementos que pudessem ajudar no aprofundamento da fé. Logo, porém, descobri que se não me ancorasse na Palavra, isto é, no próprio Jesus, eu estaria discursando em vão... Então, as Cartas passaram a ter um conteúdo bíblico, de interesse não apenas do MCC, mas também de muitos outros leitores e leitoras. Graças a Deus![1]

Graças à Providência divina, esta Carta lhes é enviada com a intenção de servir para algumas reflexões neste mês de outubro, tradicionalmente proclamado como o Mês das Missões. Assim, como de costume, tentaremos fazer com que essas reflexões brotem da Palavra de Deus, começando pelo testemunho do próprio Jesus que leva consigo os “doze e algumas mulheres” - ou seja, a sua primeira família missionaria - passando pela vocação missionária de cada um dos seus seguidores e pela característica fundamental da Igreja, que é, precisamente, ser evangelizadora.  

1.                  Jesus: o missionário do Pai. Lembra o evangelista Lucas que “Jesus percorria cidades e povoados proclamando e anunciando a Boa-Nova do Reino de Deus”. Para essa proclamação e para esse anúncio é que Jesus foi enviado como sendo a Palavra do Pai: “E a Palavra se fez carne e veio morar entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que recebe do seu Pai, como filho único, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14).  

2.                  Os primeiros chamados e enviados para a missão.  Tendo chamado pelo nome a cada um e a cada uma que ele desejava como seguidores e continuadores de sua missão, Jesus constitui com eles uma nova família: a família dos filhos e filhas de Deus, família essencialmente missionária. Como que para um “treinamento”, Jesus os leva consigo para “percorrer aldeias e povoados”. Aldeias e povoados que são hoje, como repete o Papa Francisco, as “periferias existenciais”. E lembra Paulo VI: “Se há homens que proclamam no mundo o Evangelho da salvação, fazem-no por ordem, em nome e com a graça de Cristo Salvador. 'E como podem pregar, se não forem enviados? escrevia aquele que foi, sem dúvida alguma, um dos maiores evangelizadores. Ninguém, pois, pode fazer isso se não for enviado.[2]

3.                  Todo seguidor de Jesus deve trazer em si o DNA dEle. O DNA é umcomposto orgânico que revela com segurança a ascendência de todos os seres vivos, particularmente a do ser humano. Na ascendência, ou seja no DNA de todo aquele que decidiu seguir radicalmente Jesus, dever-se-ia encontrar o DNA evangelizador.  É isto que, em outras palavras, diz o Papa Paulo VI: Finalmente, aquele que foi evangelizado, por sua vez, evangeliza. Está nisso o teste de verdade, a pedra-de-toque da evangelização: não se pode conceber uma pessoa que tenha acolhido a Palavra e se tenha entregado ao reino sem se tornar alguém que testemunha e, por seu turno, anuncia essa Palavra[3].
4.                  Evangelizar: essência da Comunidade eclesial. Ainda que muitos dos meus queridos leitores possam saber de cor o que diz o Papa Paulo VI naquele documento - talvez o mais importante do século passado sobre a Evangelização, a “Evangelii Nuntiandi” - penso valer a pena repeti-lo para que, neste mês das Missões, dediquemos um tempo significativo à sua reflexão, seja pessoal seja em comunidade (dias de estudo, retiros, sessões da Escola, etc.: A Igreja sabe-o bem, ela tem consciência viva de que a palavra do Salvador, 'Eu devo anunciar a Boa Nova do reino de Deus', se lhe aplica com toda a verdade. Assim, ela acrescenta de bom grado com São Paulo: 'Anunciar o Evangelho não é título de glória para mim; é, antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho'. Foi com alegria e reconforto que nós ouvimos, no final da grande assembléia de outubro de 1974, estas luminosas palavras: 'Nós queremos confirmar, uma vez mais ainda, que a tarefa de evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja';tarefa e missão, que as amplas e profundas mudanças da sociedade atual tornam ainda mais urgentes. Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar, ou seja, para pregar e ensinar, ser o canal do dom da graça, reconciliar os pecadores com Deus e perpetuar o sacrifício de Cristo na santa missa, que é o memorial da sua morte e gloriosa ressurreição[4].

5.                  O clamor do Papa Francisco.  Desde o primeiro momento de sua eleição, o nosso já tão querido Papa Francisco vem insistindo na vocação missionária da Igreja utilizando insistentemente o verbo “sair!”. Permitam-me citar aqui uma pequena parte do discurso por ele dirigido aos participantes de um Encontro de Movimentos Eclesiais: “A Igreja deve sair de si mesma. Para onde? Para as periferias existenciais, sejam eles quais forem…, mas sair. Jesus diz-nos: «Ide pelo mundo inteiro! Ide! Pregai! Dai testemunho do Evangelho!» (cf. Mc 16, 15). Entretanto que acontece quando alguém sai de si mesmo? Pode suceder aquilo a que estão sujeitos quantos saem de casa e vão pela estrada: um acidente. Mas eu digo-vos: Prefiro mil vezes uma Igreja acidentada, caída num acidente, que uma Igreja doente por fechamento! Ide para fora, saí! Pensai também nisto que diz o Apocalipse (é uma coisa linda!): Jesus está à porta e chama, chama para entrar no nosso coração (cf. Ap 3, 20). Este é o sentido do Apocalipse. Mas fazei a vós mesmos esta pergunta: Quantas vezes Jesus está dentro e bate à porta para sair, ir para fora, mas não O deixamos sair, por causa das nossas seguranças, por estarmos muitas vezes fechados em estruturas caducas, que servem apenas para nos tornar escravos, e não filhos de Deus que são livres? Nesta «saída», é importante ir ao encontro de…; esta palavra, para mim, é muito importante: o encontro com os outros. Porquê? Porque a fé é um encontro com Jesus, e nós devemos fazer o mesmo que Jesus: encontrar os outros. Vivemos numa cultura do desencontro, uma cultura da fragmentação, uma cultura na qual o que não me serve deito fora, a cultura das escórias. A propósito, convido-vos a pensar – e é parte da crise – nos idosos, que são a sabedoria de um povo, nas crianças... a cultura das escórias. Nós, pelo contrário, devemos ir ao encontro e devemos criar, com a nossa fé, uma «cultura do encontro», uma cultura da amizade, uma cultura onde encontramos irmãos, onde podemos conversar mesmo com aqueles que pensam diversamente de nós, mesmo com quantos possuem outra crença, que não têm a mesma fé. Todos têm algo em comum conosco: são imagens de Deus, são filhos de Deus. Ir ao encontro de todos, sem negociar a nossa filiação eclesial”.[5]
Pensando ter contribuído ainda que de maneira tão limitada para o amadurecimento de nossa vocação missionária e que a todos nós nos leve a um compromisso efetivo com o chamado do Senhor para trabalhar na messe, invoco a Maria, primeira discípula missionaria, para que sempre venha caminhar conosco, sobretudo neste Mês das Missões.
Com carinho, meu abraço  fraterno,

Pe. José Gilberto BERALDO
Equipe Sacerdotal Grupo Executivo Nacional
MCC Brasil
        

Carta MCC Brasil – Setembro 2013 

“No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus, e a Palavra era Deus. Ela existia no princípio, junto de Deus. Tudo foi feito por meio dela, e sem ela nada foi feito de tudo o que existe. Nela estava a vida e a vida era a luz dos homens. E a luz brilhava nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la... Esta era a luz verdadeira que, vindo ao mundo a todos ilumina. Ela estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a reconheceu. Ela veio para o que era seu, mas os seus não a acolheram” (Jo 1, 1-5; 9-11).


Muito amados irmãos e irmãs unidos na mesma fé na Palavra do Pai, o Senhor Jesus:

Impossível, neste mês de setembro, mês da Bíblia ou mês da Palavra de Deus, não trazer à nossa reflexão o início do Prólogo do Evangelho de São João que, na Exortação Apostólica Verbum Domini (VD), Bento XVI afirma “tratar-se de um texto admirável, que dá uma síntese de toda a fé cristã”.[1] Apesar de minhas naturais limitações, é neste luminoso pano de fundo, que tentarei oferecer aos queridos leitores alguns pontos que, eventualmente, poderão ajudá-los na caminhada deste mês ouvindo, dia e noite, em todos os momentos, o eco da Palavra e dela – pois é ela o próprio Jesus – seguindo os passos.

1.                  Jesus, Palavra do Pai tornada carne. Nossa tradição religiosa cultural, familiar ou pela instrução recebida no catecismo, via de regra, apresentam-nos a pessoa de Jesus como o Filho de Deus, o Messias, o Salvador, o Mestre, etc. Evidentemente cremos nestas afirmações dogmáticas que sustentam nossa fé cristã. Entretanto, progredindo no itinerário dessa mesma fé, passamos dessas um tanto frias considerações doutrinais e teológicas sobre Jesus, para a terna intimidade do diálogo pessoal, por ser Jesus a Palavra do Pai que conosco se comunica permitindo-nos responder-lhe dentro dos limites de nossas limitações humanas. Na VD lemos que “A tradição patrística e medieval, contemplando esta Cristologia da Palavra, utilizou uma sugestiva expressão: O Verbo abreviou-Se. Na sua tradução grega do Antigo Testamento, os Padres da Igreja encontravam uma frase do profeta Isaías – que o próprio São Paulo cita – para mostrar como os caminhos novos de Deus estivessem já preanunciados no Antigo Testamento. Eis a frase: “O Senhor compendiou a sua Palavra, abreviou-a” (Is 10, 23; Rm 9, 28). (…) O próprio Filho é a Palavra, é o Logos: a Palavra eterna fez-Se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez-Se criança, para que a Palavra possa ser compreendida por nós. Desde então a Palavra já não é apenas audível, não possui somente uma voz; agora a Palavra tem um rosto, que por isso mesmo podemos ver: Jesus de Nazaré[2].

Proposta: durante este mês repensar a prática de nossa fé em Jesus, tentando superar uma visão meramente doutrinário-dogmática, para chegar, pelo diálogo, à intimidade com Jesus-Palavra do Pai. Lembremo-nos sempre de que“a Palavra veio para o que era seu...”.

2.                  Jesus Cristo, Palavra do Pai: “Caminho, Verdade e Vida”. No Evangelho de João, para que melhor compreendamos a Palavra que é Ele mesmo, respondendo à pergunta de Tomé, assim se explica Jesus: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6). Há poucos dias, deixando aos frequentadores da missa da manhã a pergunta: “Quem é Jesus para você”, logo à noite recebi sugestivas e maravilhosas respostas. Alguns exemplos: É o maior amor da minha vida;Jesus é tudo para mim, principalmente amor e misericórdiaEle é meu grande mestre, a quem eu sigo e busco como exemplo em tudo que faço;Jesus melhor amigo e companheiro, está sempre comigoMeu guia no agir, no falar, no andar; Minha grande inspiraçãoJesus é Amor incondicional, amigo de todas as horasJesus é Aquele que chama....que acolhe...que escolhe. Jesus é Aquele que na Eucaristia se entrega a nós(presente), em Corpo e Sangue Verdadeiro, diariamente, renovando e cumprindo sua promessa de nunca nos abandonarJesus é o outro: além de estar no outro, Ele é o próprio outro: tem fome, tem sede, precisa de roupas, de abrigo, de atenção, de um abraço. Olhe com amor bem no centro dos olhos das pessoas, e encontrará Jesus. Hoje, encontrei vários 'Jesuses': amigos de trabalho, pessoas na rua, conhecidos e desconhecidosJesus para mim, é simplesmente tudo em minha vida. Não sei o que seria de mim, se não fosse Jesus para me guiar, proteger, iluminar, corrigir e muitas outras coisas. Tenho a mais absoluta certezade que nada nesta vida irá me afastar de Jesus, pois Ele é a minha paz, alegria e bem estar. Com Jesus, creio que não existe barreira alguma nesta vida, pois tudo é possível ao que crê em Jesus”.

Proposta: sugiro fraternalmente que durante este mês da Palavra de Deus, procuremos responder na sua vivência diária, “quem é Jesus-Palavra” para você.

3.                  Todos somos aquilo que ouvimos. Na moderna cultura do consumismo exagerado e do relativismo da verdade, estamos todos sujeitos às provocações da mídia publicitária, correndo o risco de nos deixar moldar por seus apelos e por filosofias ou ideologias que, normalmente, nos transformam em meros objetos desse tipo de imposição e não em protagonistas de nosso próprio destino. Caso seja verdade tal afirmação, pergunta-se: aos olhos da fé, o que somos ou o que deveríamos ser? Penso em quatro atitudes básicas:
a)                 acolher e encarnar a Palavra: discípulos. Assim como o Verbo do Pai, pela ação do Espírito Santo, faz-se carne em Jesus, cada um de nós que nos dizemos seus seguidores, somos chamados a assumir o diálogo iniciado por Ele, acolhendo e encarnando em nós mesmos a Palavra até “chegarmos, todos juntos, à unidade na fé e no conhecimento do Filho de Deus, ao estado de adultos, à estatura do Cristo em sua plenitude” (Ef 4,13). Sendo, assim, fiéis discípulos da Palavra, afirma São Paulo, “não seremos mais como crianças, entregues ao sabor das ondas e levados por todo vento de doutrina, ludibriados pelos homens e por eles, com astúcia, induzidos ao erro” (Ef 4,14).
b)                 orar a Palavra: um dos subtítulos da VD refere-se ao diálogo com Deus através das suas palavras: A Palavra divina introduz cada um de nós no diálogo com o Senhor: o Deus que fala, ensina-nos como podemos falar com Ele. Espontaneamente o pensamento detém-se no Livro dos Salmos, onde Ele nos fornece as palavras com que podemos dirigir-nos a Ele, levar a nossa vida para o colóquio com Ele, transformando assim a própria vida num movimento para Deus. De fato, nos Salmos, encontramos articulada toda a gama de sentimentos que o homem pode ter na sua própria existência e que são sapientemente colocados diante de Deus; alegria e sofrimento, angústia e esperança, medo e perplexidade encontram lá a sua expressão[3]Leia-se, ainda, na mesma VD o rico parágrafo 86 sobre a “lectio divina” ou “leitura orante da Bíblia”.
c)                  Proclamar a Palavra: missionários do Reino. Missão fundamental de toda a Igreja é, por consequência, a missão de cada seguidor da Palavra-Jesus. O discípulo é enviado para a missão de anunciar o Reino de Deus, ou seja, proclamar que a Palavra já está no meio de nós (cf. Mt 10,7). Sabemos que “a boca fala do que está cheio o coração” (Lc 6,45). Estando o coração do autêntico discípulo, isto é, toda a sua vida encharcada pela Palavra, será ele, inevitavelmente, ardoroso missionário pelo testemunho de vida e pela palavra.

4. Nosso modelo de vivência da Palavra: Maria. Tenhamos nossa Mãe Maria por modelo. Ela a) ouve a Palavra: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo” (cf. Lc1,28); b) acolhe a Palavra: “Maria disse: eis aqui a serva do Senhor” (cf. Lc 1,38); c) encarna a Palavra: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (cf. Lc 1, 38). Sobre esse nosso modelo de vivência da Palavra sugiro uma leitura atenta do último parágrafo da VD sobre Maria: “Mãe do Verbo e Mãe da alegria”.[4]

A todos envio meu carinhoso abraço envolvido pela Palavra de Deus, em Jesus e no Espírito Santo,

Pe. José Gilberto BERALDO
Equipe Sacerdotal Grupo Executivo Nacional
MCC Brasil

Carta MCC Brasil – Agosto 2013 (168ª.)


“Ele chamou os Doze, começou a enviá-los dois a dois
e deu-lhes poder sobre os espíritos impuros” (Mc 6,7).
“O Senhor escolheu outros setenta e dois
 e enviou-os, dois a dois, à sua frente
 a toda cidade e lugar para onde ele mesmo devia ir’”. (Lc 10,1).

Muito amados irmãos e irmãs, benevolentes leitores de nossas reflexões mensais:

Como fazemos todos os meses, também neste mês de agosto vamos beber, na fonte cristalina da Palavra de Deus acima, a inspiração para nossas reflexões e o estímulo e força para pô-las em prática. Dois momentos se destacam nesta Carta: o primeiro lembrando algumas palavras do Papa Francisco na Missa de Envio no último dia da Jornada Mundial da Juventude, e o segundo tratando de fazer presente a característica do mês de agosto na Igreja do Brasil, como sendo o Mês das Vocações.

1.                A presença do Papa Francisco na JMJ ainda ressoa.  Sem voltar a todos os pronunciamentos do Papa durante sua permanência de uma semana para a Jornada Mundial da Juventude (o que, aliás, seria impossível e, até, inoportuno, fazer aqui), tendo como pano de fundo seu próprio testemunho de vida abundantemente demonstrado nesses dias, proponho à nossa reflexão três mensagens principais, definidas por ele como 'três palavras', durante a homilias da última missa celebrada na JMJ na presença de mais de três milhões e quinhentas mil pessoas, chamada de 'Missa de Envio'.

a)                 Compartilhar a fé. A primeira delas falou de partilha: “A experiência desse encontro não pode ficar trancafiada na vida de vocês ou no pequeno grupo da paróquia, do movimento, da comunidade de vocês. Seria como cortar o oxigênio a uma chama que arde. A fé é uma chama que se faz tanto mais viva quanto mais é partilhada, transmitida, para que todos possam conhecer, amar e professar que Jesus Cristo é o Senhor da vida e da história'. E continuou enfatizando ainda mais: 'Saiam às ruas, como fez Jesus'. E foi incisivo até o extremo: 'Se a Igreja não sair às ruas, ela se converte numa ONG'!
b)                 Combater o medo de evangelizar. A segunda mencionou o medo de evangelizar, que deve ser combatido, de acordo com o papa, em conjunto.Quando enfrentamos juntos os desafios, então somos fortes, descobrimos recursos que não sabíamos que tínhamos', recomendou, ao mesmo tempo em que convocou a Igreja a apoiar os jovens.
c)                  “Servir” como Jesus serviu. A última etapa da mensagem foi dedicada ao 'servir'. Francisco pediu aos jovens que a vida de cada um 'se identifique com a vida de Jesus', que seria uma 'vida para os demais'. E, como já é quase uma constante em seus pronunciamentos, o Papa Francisco insistiu na “saída da Igreja para as ruas”, para as “periferias não só geográficas, mas existenciais”, isto é, para os inúmeros ambientes dos quais todos participamos.
Uma pergunta. Não podemos concluir essas considerações sem que fique, tanto para mim mesmo como para cada um dos leitores e leitoras, para os nossos Movimentos e Comunidades – e aqui faço especial referência ao Movimento de Cursilhos – uma pergunta clara e direta: Não seria este o momento mais do que oportuno para sair de nossos grupinhos mais ou menos fechados, ou da intimidade de nossas paróquias, e irmos “para as ruas” – como proclama o Papa –, para as “pequenas comunidades” tanto geográficas como “existenciais”? Por que, ao final das reuniões de nossos grupos, núcleos ou comunidades, após a tradicional indagação “o que mais me fez crescer hoje”, não acrescentamos outra pergunta ainda mais comprometedora: “a partir das minhas reflexões sobre a Bíblia, como testemunho de vida, fiz crescer as ‘periferias existenciais’ que me cercam e com as quais estou envolvido?”
2.                Agosto, o mês das vocações. Cada domingo do mês e a semana subsequente referem-se a um carisma próprio do chamamento: 1ª semana – Ministérios ordenados (bispos, presbíteros e diáconos); 2ª semana – Família (particularmente os pais); 3ª semana – Consagrados e Consagradas; 4ª semana – Leigos e leigas (com seus serviços e ministérios).  Com essa disposição, fica muito clara a vocação laical que abrange não somente a participação nos serviços paroquiais como, sobretudo, o envolvimento prioritário do leigo e da leiga. Nesse contexto, não só é oportuno como absolutamente necessário lembrar algumas orientações do Magistério da Igreja que, parece, até agora não foram devidamente assimiladas e postas em prática, seja pelos que deveriam ser os primeiros interessados, os próprios leigos, seja pelos muitos membros da hierarquia (a começar por muitos senhores párocos e outros sacerdotes) que vêm nos leigos apenas prestadores de serviço em suas paróquias, autêntica mão de obra gratuita! Sem falar de um inteiro Documento dedicado à “Vocação e Missão dos Leigos na Igreja e no Mundo” de João Paulo II, cito dois deles que deixo à reflexão dos meus leitoresOs leigos, a quem a sua vocação específica coloca no meio do mundo e à frente de tarefas as mais variadas na ordem temporal, devem também eles, através disso mesmo, atuar uma singular forma de evangelização. A sua primeira e imediata tarefa não é a instituição e o desenvolvimento da comunidade eclesial, esse é o papel específico dos Pastores, mas sim, o pôr em prática todas as possibilidades cristãs e evangélicas escondidas, mas já presentes e operantes, nas coisas do mundo. O campo próprio da sua atividade evangelizadora é o mesmo mundo vasto e complicado da política, da realidade social e da economia, como também o da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos 'mass media' e, ainda, outras realidades abertas para a evangelização, como sejam o amor, a família, a educação das crianças e dos adolescentes, o trabalho profissional e o sofrimento. Quanto mais leigos houver impregnados do Evangelho, responsáveis em relação a tais realidades e comprometidos claramente nas mesmas, competentes para as promover e conscientes de que é necessário fazer desabrochar a sua capacidade cristã muitas vezes escondida e asfixiada, tanto mais essas realidades, sem nada perder ou sacrificar do próprio coeficiente humano, mas patenteando uma dimensão transcendente para o além, não raro desconhecida, se virão a encontrar ao serviço da edificação do reino de Deus e, por conseguinte, da salvação em Jesus Cristo” (nº 70 da Exortação Apostólica A Evangelização no Mundo Contemporâneo de Paulo VI). Também o Documento de Aparecida refere-se explicitamente aos leigos e à sua vocação e missão: “Os fiéis leigos são ‘os cristãos que estão incorporados a Cristo pelo batismo, que formam o povo de Deus e participam das funções de Cristo: sacerdote, profeta e rei. Eles realizam, segundo sua condição, a missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo’. São “homens da Igreja no coração do mundo, e homens do mundo no coração da Igreja” (DAp 209) Mais: “Sua missão própria e específica se realiza no mundo, de tal modo que, com seu testemunho e sua atividade, eles contribuam para a transformação das realidades e para a criação de estruturas justas segundo os critérios do Evangelho. Além disso, eles têm o dever de fazer crível a fé que professam, mostrando autenticidade e coerência em sua conduta (id 210).
Concluo com um abraço fraterno a todos os meus leitores e leitoras, especialmente aos leigos e leigas, desejando que, sobretudo neste mês de agosto, quando, ao celebrarmos a Assunção de Maria, dela deveremos lembrar-nos como a primeira leiga discípula missionária de Jesus, a ser imitada por todos os seus filhos.

            Pe. José Gilberto BERALDO
            Equipe Sacerdotal
 Grupo Executivo Nacional

Carta MCC Brasil – Julho 2013 (167ª.)

“E Deus viu tudo quanto havia feito, e era muito bom...” (Gn 1, 31).
 “No sétimo dia, Deus concluiu toda a obra que tinha feito; e no sétimo dia repousou de toda a obra que fizera.
Deus abençoou o sétimo dia e o santificou, pois nesse dia Deus repousou de toda a obra da criação.
 Essa é a história da criação do céu e da terra” (Gn 2, 2-4).

A proposta desta nossa Carta mensal é dupla: primeiramente refletir sobre o mês de descanso, mês de férias, particularmente das férias escolares, aqui no Brasil, no meio do ano (julho) e, em seguida – ainda que suficientemente conhecida porque longamente preparada –, chamar a atenção dos caros leitores e leitoras sobre alguns aspectos da presença do Papa Francisco que estará entre nós por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, de 22 a 28 deste mesmo mês.

1.                  “E Deus viu tudo quanto havia feito, e era muito bom”.

Infelizmente não são todos os cidadãos brasileiros que poderão usufruir dessa merecida pausa para descanso de meio de ano. Talvez, até a maioria do povo não poderá fazê-lo. Possivelmente, sim, uma boa parte dos estudantes, de profissionais autônomos, etc.. Com certeza, como é costume, planejam-se viagens para perto ou longe, visitas, jogos e uma vasta gama de diversões. O que, efetivamente, se deseja ressaltar é a questão do repouso, do descanso, não como num privilégio que parece ser, mas como um direito de toda pessoa que, durante todo o ano, se entrega ao serviço do próximo, da sociedade, do bem comum.
Como cristãos imbuídos da Palavra de Deus e dela nos alimentando, também durante o período de descanso, continuamos a nutrir-nos desse insubstituível alimento: Palavra de Deus e Eucaristia que se constituem a fonte primordial onde vamos buscar recursos para renovar forças e energias para nosso próximo período de atividades. Essa é razão motivadora da citação bíblica acima e o pano de fundo para estas nossas reflexões: “no sétimo dia repousou de toda obra que tinha feito”. Algumas sugestões para esse período de descanso:

v Descanso físico, ou seja, do corpo. É suficientemente sabido que o estado físico é altamente condicionante das reações psíquicas e, sobretudo, emocionais do ser humano, especialmente nestes nossos tempos de tanta agitação, de tantos ruídos. Tornam-se, então, urgentemente necessários os cuidados adequados com a saúde, repondo energias, recuperando as forças. Anseios de maior produção, cobiça por melhores salários ou pela multiplicação da renda financeira, consumismo exagerado, engano ao colocar o ideal em bens absolutamente transitórios e, pior, supérfluos – tudo isso, entretanto, acaba por substituir o descanso, com consequências danosas ao corpo e ao espírito.

v Descanso da mente que inclui o descanso psíquico. Tais excessos podem levar a uma prejudicial sobrecarga da mente e das condições psíquicas da pessoa. Os tempos atuais, nossa cultura, nossa sociedade criam condições ideais para um extremo cansaço que pode levar a pessoa até a um desequilíbrio mental. Daí a necessidade de uma pausa relaxante para recuperar as condições normais de sobrevivência. Ainda que mais ou menos distante no tempo, tudo isso pode muito bem, mutatis mutandis, aplicar-se aos nossos tempos e às nossas circunstâncias: “A filósofa francesa Simone Weil experimentou na carne as agruras do trabalho operário em fábricas da primeira metade do século XX. Ali, sentiu que, à medida que passava os dias em frente das máquinas, os pensamentos iam fugindo e escapando de sua mente. A cadência das máquinas e o ritmo da produção eram muito rápidos. Simone havia sido sempre lenta para os trabalhos manuais e não estava habituada a agir sem pensar. Ela fazia a triste descoberta de que a sociedade moderna se edifica sobre trabalhos para os quais o ser humano deve obrigar-se a não pensar. E constatou que, se não houvesse o repouso semanal que fazia com que ideias voltassem a circular em sua cabeça, ela estaria logo convertida em uma besta de carga”.[1]


v Descanso do coração. Por um lado, o mais simbólico e clássico repouso do amor, da ternura, do carinho, da generosidade, do perdão e de tudo de bom que existe na pessoa. Por outro, o coração pode ser esconderijo tétrico e amargo do ódio, da violência, da vingança e sede de todos os maus instintos que afloram, consciente ou inconscientemente – não importando dia, hora ou momento – em muitos momentos da vida de relação entre os seres humanos. Experimenta, então, sobretudo o seguidor dos passos de Jesus, a necessidade de acalmar o coração. Um descanso físico e psíquico será poderoso e eficaz auxílio para isso. De maneira especial, referindo-nos ainda ao descanso do Pai Celeste, vale lembrar Santo Agostinho: “Fizestes-nos para Ti, Senhor, e inquieto anda o nosso coração, enquanto não repousar em Ti”.

1.       A presença do Bispo de Roma, Francisco, no Brasil. Essa presença está vinculada à grande celebração da Jornada Mundial da Juventude que, como disse, não me parece oportuno comentar aqui por ser já sobejamente conhecida, sobretudo, de todos os católicos brasileiros. Desejo, sim, aproveitando a oportunidade, deixar algumas poucas linhas à guisa de comentário, sobre a figura de um Papa. Agora, precisamente, de Francisco que, desde sua primeira aparição na sacada da Basílica de São Pedro, apresentou-se não como “papa”, mas como “bispo de Roma”, ou seja, “o primeiro entre iguais”. Isto é, o primeiro entre todos os bispos da Igreja. Dizem teólogos e historiadores de peso que o título de “Papa” ficou definitivamente reservado ao bispo de Roma somente a partir do século VII. Mas, não importando o título, o Pastor que nos foi enviado pelo Espírito Santo, Francisco, está nos mostrando, através de seus gestos e palavras, que ele, como Jesus, veio para “servir e não para ser servido” (Mt 20,28). É com essa postura que ele estará entre nós. Como tem feito diariamente, ele virá para “lavar os pés” da juventude; para beijar as crianças e os descapacitados; para indicar o Caminho, para ensinar a Verdade, para incentivar a Vida. Em síntese: para levar todos os jovens do mundo inteiro ao encontro com o próprio Jesus.

2.       “E agora?” – Como que lembrando a interrogação deixada no ar em Palma de Maiorca, depois da grande peregrinação de 80.000 jovens a Santiago de Compostela e que deu origem ao Movimento de Cursilhos, ressoará aos ouvidos dos milhares e milhares de jovens que participarão da Jornada Mundial da Juventude, assim como de toda a Igreja e do mundo, a pergunta simples e profunda: “e agora?”. Agora, depois desses dias, longa e conscientemente preparados e, sem dúvida, intensamente vividos; agora, depois da última emocionante celebração da Palavra e da Eucaristia presidida pelo nosso Pastor primeiro; agora, depois da viagem de volta aos países de origem; agora, depois do regresso de Francisco à sua Diocese de Roma onde continuará sua missão de ser “o primeiro entre iguais”; agora, pergunto, o que terá ficado no coração e na vida desses jovens? Jovens que estão vivendo já numa nova cultura, construindo uma nova sociedade, uma nova ideologia, enfim, um novo tempo? Estarão levando Jesus e sua mensagem para suas realidades: famílias, ambientes, redes sociais, universidades, divertimentos? “E agora?”. Que critérios e valores estarão levando para suas jovens vidas? Valores ressaltados numa logística perfeita, na organização e mobilização de dois milhões de jovens... ou critérios e valores do Evangelho com os quais permearão um tempo novo, como o sal que realçará os sabores eucarísticos, como o fermento que levedará a massa com a Palavra, como a Luz que haverá de iluminar os novos horizontes de uma humanidade nova?

Finalizo com o mais sincero desejo de um bom descanso (para os que tiverem esse privilégio!) e de muitas bênçãos do Pai Celestial que, depois ter visto que “tudo quanto havia feito, era muito bom... repousou de toda a obra da criação”.

Abraço fraterno e carinhoso do irmão e amigo no Senhor Jesus.


Pe.José Gilberto BERALDO
Equipe Sacerdotal
 Grupo Executivo Nacional MCC do Brasil


Carta do mês de junho de 2013


“Depois de tudo isso,

derramarei o meu espírito sobre todos os viventes.
E, então, todos os filhos e filhas falarão como profetas...!” (Joel 3, 1ab).
“Vós todos podeis profetizar...” (I Cor 14,31).

Amados irmãos e irmãs, chamados que fomos para sermos e atuarmos como profetas nestes novos tempos de Igreja, a paz e o amor de Jesus estejam com todos vocês!

Para esta nossa Carta de junho, duas propostas nasceram na minha mente e amadureceram longamente no meu coração. A primeira é uma reflexão sobre a profecia na vida dos seguidores de Jesus, motivada pela celebração, neste mês, de três grandes profetas: João Batista, cujo nascimento se comemora no dia 24 e os Apóstolos Pedro e Paulo no dia 30. A segunda – como não poderia deixar de ser -, é uma constatação motivada pelas atuais providenciais circunstâncias históricas, uma nova primavera que vive a nossa Igreja Católica.

1. Profecia e Profeta: anúncio, denúncia e os profetas de ontem e de hoje. Não é muito clara a origem do termo “profecia”. Em todo o caso, sua conotação é a de “oráculo”, anúncio ou, também, de advertência ou denúncia. O profeta usa ora palavras de carinho e ternura, de promessas e de acolhida para os que observam os mandamentos e normas divinas e andam pelos bons caminhos, ora emprega palavras duras de ameaças e castigos terríveis para os que enveredam pelos desvios e descaminhos contrários aos projetos divinos. Quanto à história da nossa salvação, é bastante percorrer alguns dos 18 livros proféticos do Antigo Testamento para que nos demos conta desse processo, digamos, pedagógico-educativo do povo eleito. O profeta, aquele que vive intimidade com Deus, é o encarregado por Ele para anunciar ao povo, ou o perdão e o abraço divinos, ou os castigos merecidos pelos que se afastam das leis do Senhor. Isto está em conformidade com o que se lê no Profeta Joel, citado acima.Por isso, é provável que o nome “profeta”, como é empregado na Bíblia, signifique aquele que fala como acreditado mensageiro do Altíssimo. Deve-se observar que nos termos “profecia” ou “profeta” não há nada que implique previsão de acontecimentos. Pode um profeta predizer, ou não, o futuro segundo a mensagem que Deus lhe der.
Mas  poderia alguém perguntar – porque esta introdução? Justamente para lembrar o último dos profetas do AT, João Batista e os dois primeiros, Pedro e Paulo, sem falar no profeta dos profetas, Jesus. E, é claro, para voltar a chamar nossa atenção de discípulos missionários, profetas que deveríamos ser de nossos tempos.
a) João Batista, o último dos profetas do AT. “Em verdade, eu vos digo, entre todos os nascidos de mulher não surgiu quem fosse maior que João Batista” (Mt 11,11). João foi o profeta corajoso, destemido que, de peito aberto, usa palavras duras de denúncia e de ameaças de castigos às “víboras” – fariseus e saduceus: “Víboras que sois, quem vos ensinou a fugir da ira que está para chegar? Produzi fruto que mostre vossa conversão” ... O machado já está posto à raiz das árvores. Toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada ao fogo” (Mt 3, 7b; 8;10). Mas foi, sobretudo, o profeta do anúncio da conversão, da preparação, da chegada e da presença de Jesus: “Convertei-vos, pois o Reino de Céus está próximo. “É dele que falou o profeta Isaías: ‘Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as veredas para ele’” (cf. Mt 3, 1-17). E vem agora o principal na vida de João Batista: ao avistar Jesus, num alegre e indizível ímpeto profético, manifestando a razão de ser de sua missão, exclama: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo. É dele que eu falei: ‘Depois de min vem um homem que passou à minha frente, porque antes de mim ele já existia’” (Jo 1,29-30). 
Para sua reflexão: a você, batizado, seguidor de Jesus, membro de comunidades e de movimentos eclesiais (do Movimento de Cursilhos, por exemplo), pergunto: até onde vai sua consciência de ser profeta de Jesus? Mais: até onde chega sua coragem para – como João Batista – denunciar a hipocrisia, o erro, a maldade e, sobretudo, anunciar que o “Reino já está no meio de nós?”, isto é, anunciar que Jesus está vivo e presente na nossa cultura, na nossa sociedade que anda tão distante Dele?
b) Os santos Apóstolos Pedro e Paulo, primeiros profetas do NT.  Primícias da Igreja pensada pelo Mestre e iniciada com a primeira comunidade de homens e mulheres reunida ao seu redor, são eles também os primeiros profetas do NT. Firmados, agora, no fato da ressurreição de Jesus, assumem,  corajosos, a missão de sair pelo mundo anunciando a Boa Nova: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura” (Mt 16,15). Eis que Pedro, inflamado pelo Espírito Santo, superando o medo (cf.Jo 20,19) e enfrentando “partas, medos e elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judéia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia... (cf At 2,9-11), ao mesmo tempo que anuncia a pessoa de Jesus, denuncia aqueles que mataram o mesmo Jesus: “Deus, em seu desígnio e previsão, determinou que Jesus fosse entregue pelas  mãos dos ímpios, e vós o matastes, pregando-o numa cruz” (At 2,23). E o que dizer do espírito profético do convertido, o judeu Saulo, depois Paulo? Em inúmeras ocasiões, em incontáveis escritos e conteúdos de suas cartas, deixa muito claras as corajosas denúncias contra o mau procedimento de muitos que, pelo seu próprio ministério, haviam abraçado a fé cristã.
Para sua reflexão: vivemos uma realidade que a todos nós, na maioria das vezes, nos impede de sermos os profetas que deveríamos ser e que, se na vida de quase todos os profetas e nos primórdios da Igreja era comum, nos dias de hoje, na atual cultura do relativismo e da pressão social alimenta, até, uma certa vergonha nos cristãos. Trata-se do medo. Medo de anunciar; mais, medo de denunciar; medo de atitudes e gestos proféticos.... enfim, medo de se agir como discípulo missionário de Jesus! Você também anda pressionado por este medo? Esqueceu-se, meu caro profeta, minha querida profetiza, que foi Ele que disse: “Não tenham medo?” E, então?

2. Uma “nova primavera na Igreja Católica”. Somos cristãos católicos privilegiados. Tenho certeza de que todos temos consciência de estar vivendo novos tempos, novos desafios e novas perspectivas para a Igreja Católica. Fala-se, até, numa nova primavera da Igreja. Como já o fiz na Carta do mês passado, refiro-me, à eleição do Bispo de Roma (“o primeiro entre iguais”), Francisco. Seus gestos, seus testemunhos pessoais estão a nos indicar claramente uma nova postura para todos os católicos, para toda a Igreja. Não basta dizer que a Cúria romana deverá ser reformada ou que este é o Papa de que precisamos, etc. É urgentemente necessário que seu exemplo e testemunho atinjam a mentalidade e a vida de toda a hierarquia da Igreja, bispos e sacerdotes, religiosos e religiosas  e de todos os católicos. Do contrário, os exemplos de Francisco, cairão no vazio e, como diz no título de um maravilhoso e profético artigo, um dos mais conhecidos teólogos contemporâneos, Hans Küng, companheiro que foi de magistério do emérito Papa Bento XVI: “Não deixem a Primavera virar Inverno”.Primavera na Igreja é superar uma “Pastoral de mera conservação e sair para uma pastoral decididamente missionária” (Cf Doc.370). SAIR é um dos verbos mais usado pelo Papa Francisco. Igreja, comunidades, movimentos eclesiais devemos todos SAIR... Por oportuno, aplicando-a, sobretudo, ao Movimento de Cursilhos, permitam-me repetir uma comparação feita por Francisco ao afirmar que a Igreja deve sair para a missão: Diante desta alternativa, quero dizer-lhes fracamente que prefiro mil vezes uma Igreja acidentada do que uma Igreja doente. A doença típica da Igreja fechada é a auto-referência; contemplar-se a si mesma, estar curvada sobre si mesma como aquela mulher do Evangelho”.

Que a intercessão de São João Batista e dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo juntamente com a de Maria, possa fazer com que criemos uma mentalidade cada vez mais profética e missionaria, uma mentalidade de autênticos discípulos missionários de Jesus, são os votos mais fraternos de
                                                                                                     
Pe.José Gilberto BERALDO
E-mail: jberaldo79@gmail.com  

Carta MCC Brasil – Maio 2013 (165ª.)


“Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos...
Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: A paz esteja convosco”...
Jesus disse de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou também eu vos envio”.
Então, soprou sobre eles e falou: “Recebei o Espírito Santo.
A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, lhes serão retidos” (Jo 20, 19ª. 21-22).

Muito amados irmãos e irmãs enviados para a missão de anunciar a Boa Notícia do Reino,

Encerrado o tempo litúrgico da Páscoa, isto é, da Ressurreição de Jesus, continua o tempo de celebração da Vida -  da alegria, da vida nova, da esperança da libertação da culpa, da mancha da desobediência – que passa pela Ascensão do Senhor à direita do Pai e se confirma pela irrupção do Espírito Santo sobre os Apóstolos. É a grande celebração do próximo dia 19 de maio, que marca o início do “tempo de Igreja”, prolongado pelo envio da comunidade à missão, ao anúncio da Boa Notícia (cf. Catecismo da Igreja Católica – CIC- n.696,731,1287,2623).    

1. O Espirito Santo habita em cada um dos seguidores de Jesus. Desde o momento do nosso batismo, confirmado pelo sacramento da Crisma, tornamo-nos templos vivos do Espírito Santo, morada da Santíssima Trindade. É da boca de Jesus que saíram estas confortadoras palavras: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos dele a nossa morada” (Jo 14, 23). E o mesmo Jesus garante: “Mas o Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que vos tenho dito” (Jo 14, 26).  E São Paulo completa: “Acaso não sabeis que sois templo de Deus e que o Espirito de Deus habita em vós?” (1Cor 3,16). E acrescenta, ainda: “Acaso ignorais que vosso corpo é templo do Espírito Santo que mora em vós e que recebestetas Deus? Ignorais que não pertenceis a vós mesmos? (1Cor 6,19). Pois bem: a cada ano, na celebração de Pentecostes, somos convidados  a relembrar essa sublime dignidade da qual somos depositários e, ao mesmo tempo, rever se o templo que somos do Espírito Santo, se mantém limpo e habitável por Ele. Pois este mesmo templo é passível de destruição, conforme a advertência de São Paulo: “Se alguém destruir o tempo de Deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós”(1Cor 3,17). Diante dessa possibilidade, algum de nós poderá perguntar-se: “Mas como? Alguém terá a coragem de destruir o templo do Espírito Santo? Respondo: poderá ser que o faça - não de uma vez ou de um golpe como essas escavadeiras gigantes que, num instante, botam tudo abaixo... mas aos poucos, pedra por pedra, parede por parede: uma pequena infidelidade aqui outra ali, uma manchinha imperceptivelmente repetida... O resultado é que, de repente, acaba o templo por tornar-se um casarão em ruinas, mal assombrado e inabitável!

2. O Espírito Santo vive na Igreja e a impele para a missão. Como nos deveríamos sentir privilegiados por viver num momento tão importante e decisivo para a Igreja Católica! Pois é neste tempo de desafios para a nossa fé que o Espírito nos envia um Pastor, digamos, sob medida, para guiar o rebanho do Senhor.  Sem ousar qualquer outro comentário e solicitando de cada um de vocês uma demorada e profunda reflexão, aplicando-a à realidade da diocese, paróquia ou comunidade onde você vive ou na do seu Movimento, deixo-lhes, meus caros leitores e leitoras, a palavra do Papa Francisco, no passado dia 16 de abril, durante a missa celebrada na Capela da Casa Santa Marta,  onde agora ele mora.  Na homilia, ao comentar a primeira leitura do dia, celebrando o martírio de Santo Estevão que, antes de ser apedrejado, anunciou a Ressurreição de Cristo, o Papa advertiu para a resistência ao Espírito Santo e repetiu que mesmo em meio de nós, ainda existe essa resistência. E vejam como é clara essa advertência: “Ao que parece, hoje o Espírito Santo nos incomoda, porque nos incentiva, empurra a Igreja para que vá adiante. E nós queremos que ele adormeça, queremos domesticá-lo, e isto não é bom porque Ele é Deus e é a força que nos consola, a força para prosseguirmos. Mas seguir avante dificulta... a comodidade é melhor!”. E, depois, prossegue: “Hoje aparentemente estamos todos contentes com a presença do Espírito Santo, mas não é assim. Por exemplo, vamos pensar no Concílio: O Concílio foi uma linda obra do Espírito Santo. Pensamos em Papa João XXIII: um pároco bom, obediente ao Espírito Santo. Mas depois de 50 anos, fizemos tudo o que o Espírito Santo nos disse no Concílio? Não. Comemoramos este aniversário, erguemos um monumento, mas desde que não incomode. Nós não queremos mudar, e o pior: alguns querem voltar atrás. Isto é ser teimoso, significa querer domesticar o Espírito Santo; ser tolo, de coração lento”. Ressaltando que o mesmo acontece em nossas vidas, o Papa Francisco exortou“Não oponhamos resistência ao Espírito. É Ele que nos liberta. Caminhemos na estrada da docilidade do Espírito Santo, no caminho da santidade da Igreja! Não colocar resistência ao Espírito Santo: é esta a graça que eu gostaria que todos nós pedíssemos ao Senhor, a docilidade ao Espírito Santo, a esse Espírito que vem até nós e nos faz seguir pela estrada da santidade”.

Permitam-me acrescentar, entre outras, mais algumas palavras orientadoras do Papa Francisco em carta dirigida aos Bispos participantes da 105ª. Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Argentina, mas que devem ser assumidas pela hierarquia de toda a Igreja e por todos os católicos: “Queridos irmãos:... expresso-lhes um desejo: gostaria que os trabalhos da Assembleia tenham como referência o Documento de Aparecida e “Navega mar adentro”[1]. Estão alí as orientações que necessitamos para este momento da história. Sobretudo, peço-lhes que tenham uma particular preocupação quanto ao crescimento na missão continental nos seus dois aspectos: missão programática e missão paradigmática. Que toda a pastoral seja em chave missionária. Uma Igreja que não sai (em missão) imediatamente, adoece na atmosfera viciada do fechamento sobre si mesma.  É verdade, também, que a uma Igreja que sai, pode acontecer o que acontece a qualquer pessoa: sofrer um acidente. Diante desta alternativa, quero dizer-lhes fracamente que prefiro mil vezes uma Igreja acidentada do que uma Igreja doente. A doença típica da Igreja fechada é a auto-referência; contemplar-se a si mesma, estar curvada sobre si mesma como aquela mulher do Evangelho. É uma espécie da narcisismo que nos leva à “mundanidade” espiritual e ao clericalismo sofisticado e, assim, nos impede de experimentar “a doce e confortadora alegria de evangelizar”. A todos lhes desejo esta alegria que, tantas vezes vem unida à Cruz, mas que nos salva do ressentimento, da tristeza e do “solteirismo” clerical”.

Meus caros, deixo-os com uma pergunta-desafio: poderá, por acaso, haver maior e mais fascinante palavras de estímulo, sobretudo vendo de quem vem, não só para nossa reflexão, mas, sobretudo, para mudança de nossa mentalidade e nosso comportamento de seguidores de Jesus, bem como para a conversão pastoral de toda a Igreja? (cf. Documento Aparecida 365-372).

Ao deixar-lhes a todos meu carinhoso abraço fraterno desejo lembrar-lhes que no dia da primeira vinda do Espírito Santo “todos eles perseveram na oração com um, junto com algumas mulheres” e, “entre elas, Maria Mãe de Jesus” (At 1,14). Pois, então, que Maria continue em cada um de nós, no nosso meio e no meio de nossa comunidade – dirijo-me especialmente ao nosso Movimento de Cursilhos -  ajudando-nos a nos preservar como “templos do Espírito Santo” e, dessa forma, nos manifestarmos ao mundo como autênticos missionários!


Pe. José Gilberto BERALDO
E-mail: jberaldo79@gmail.com


CARTA MCC BRASIL - ABRIL 2013 (164ª.)

“Acaso ignorais  que um pouco de fermento leveda a massa toda?
 Lançai fora o velho fermento, para que sejais uma massa nova,
 já que deveis ser sem fermento.
Pois o nosso Cordeiro pascal, Cristo, já está imolado.
Assim, celebremos a festa, não com fermento velho,
 nem com fermento de maldade ou de perversidade,
mas com os pães ázimos da pureza e da verdade” (1Cor 5,6b-8).

Meus amados irmãos e irmãs, “ressuscitados com Cristo”,  à espera de aparecer com Ele, revestidos de glória” (cf.Cl 3,1-4), estejam com vocês a paz e a alegria pascais:

Celebrada com intenso júbilo no último domingo de março, a Páscoa da Ressurreição do Senhor, eis que iniciamos, Povo de Deus da Nova Aliança, um tempo novo; um tempo de “pureza e de verdade”; um tempo de uma “massa nova”, enfim, um tempo de libertação : “Portanto, se alguém está em Cristo, é criatura nova. O que era antigo passou, agora todo é novo” (2Cor 5,17).
Páscoa, festa do povo da Antiga Aliança, eleito do Senhor: “começo dos meses, o primeiro mês do ano”; festa dos “pães sem fermento”; festa do “cordeiro sem mancha”; passagem do Exterminador ferindo os egípcios dominadores; transposição do Mar Vermelho a pé enxuto, passando da terra da escravidão para a terra onde “corria leite e mel” (cf. Ex 3,8; cap. 11-12). Essa foi a primeira Páscoa, prenúncio da Páscoa Nova, vivida por Cristo, imolado por amor e ressuscitado para a Vida. Definitivamente, este sim, é a nossa Páscoa, a nossa libertação, a nossa alegria e a nossa esperança. Libertação, alegria e esperança para cada um dos seguidores de Jesus e, divinamente providencial, para toda a Igreja, Povo da Nova Aliança com a eleição do Papa Francisco.

1. Páscoa – vida nova - para os seguidores do Ressuscitado. Já não se trata de limites da idade ou de tempo de vida ou de horizontes históricos de uma peregrinação terrena destinada a encerrar-se num dia qualquer. Trata-se de substituir o “fermento velho”, isto é, as motivações que determinam nossas atitudes e nossos comportamentos por outras nascidas e alimentadas pelos critérios e valores do Reino de Deus proclamados e testemunhados por Jesus e expressos no Evangelho. Na citada Carta aos Coríntios São Paulo alude ao “fermento de maldade ou de perversidade”. Cada um de nós, conscientes da nossa vocação de seguidores de Jesus, saberá discernir, à luz de Cristo Ressuscitado, onde estão nossas maldades e malicias!
Com certeza, meus caríssimos, celebrar a Páscoa é lançar fora a “mesmice”, a rotina, a instalação nos comodismos e partir para a vivência da autêntica VIDA NOVA, retomando a caminhada com Jesus e com os homens e mulheres que nos rodeiam e com quem convivemos, retomando com um  novo viço, uma nova determinação nossa vocação missionária, agora e outra vez, ressuscitados com Cristo para a alegria e a esperança de “um novo céu e uma nova terra”... pois, “Ele enxugará toda lágrima dos nossos olhos, onde a morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem, grito, nem dor, porque as coisas anteriores passaram” (cf. Ap 21,1.4).

2. Páscoa – vida nova - para toda a Igreja, Povo de Deus. Num momento de profunda ação de graças a Deus, permitam-me transcrever um pequeno trecho da Carta anterior – a de março  – quando propus breve reflexão sobre a, então, próxima eleição de um novo Pastor para a Igreja Católica: “...quero viver este momento singular na história eclesial como aquele momento “Kairós”, o momento oportuno para a ação do Espírito Santo: “É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2Cor 6,1-2). “Salvação” no seu sentido de intervenção do mesmo Espírito na vida da Igreja. Santa e providencial coincidência, pois este momento do ano de 2013 será o coroamento da caminhada quaresmal da Igreja-Povo de Deus com a celebração pascal da escolha de um novo Papa por elementos humanos e do envio ao seu povo de um novo Pastor pelo Pastor dos pastores, Jesus de Nazaré!”

E ai está o nosso novo Papa Francisco dando já suficientes sinais em sua pessoa, daquilo que deverá a ser a Igreja Católica sob o seu pastoreio: humilde, sensível, simples, despojada, dinâmica, missionária, solidária... Menos hierárquica e mais fraterna à imitação do Senhor Jesus; menos papa-móvel blindado e mais jipe aberto para descer do pedestal, para poder abraçar, acariciar, condoer-se, para  praticar o conselho de Paulo Apóstolo: “Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram. Mantende um bom entendimento uns com os outros; não sejais pretenciosos, mas acomodai-vos às coisas humildes. Não vos considereis sábios aos próprios olhos” (Rm 13,15-16).  Será essa a verdadeira imagem da Igreja com que sonhamos? Mas, se o Papa Francisco, com seu testemunho, assim projeta a Igreja, não nos esqueçamos que ela depende, também, da mudança de nossa mentalidade – “pão ázimo de pureza e de verdade” -, de nossa comprometida participação e viva colaboração.   

Certamente, as palavras dirigidas pelo Papa Francisco aos jovens durante a celebração do Domingo de Ramos, também mostram  outro traço característico de sua personalidade e de sua maneira de ser: a alegria. Ao convocar os jovens para a Jornada Mundial da Juventude ( Julho de 2013, no Rio de Janeiro)  assim ele se expressou: “Abraçada com amor, a cruz de Cristo não leva à tristeza, mas à alegria”. Vós tendes uma parte importante na festa da fé!”  Vós nos  trazeis  a alegria da fé e nos dizeis que devemos viver a fé com um coração jovem, sempre, mesmo aos 70, 80 anos!  Com Cristo, o coração nunca envelhece!”
Uma vez mais o Espírito Santo está gritando ao Povo de Deus: “Eu vos darei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com inteligência e sabedoria” (Jr 3,15). Traduzida na linguagem da fé, a eleição do Papa Francisco vem  nos ensinar, mais uma vez, que o Espírito de Deus, não estava na mercantilista Bolsa de Apostas de Londres – onde sequer aparecia o nome de um tal Cardeal Bergoglio! - e nem muito menos nas especulações ou nas férteis imaginações de “especialistas em Vaticano” e, sim, estava iluminando os responsáveis para dar à Igreja de hoje e de amanhã um Pastor que irá apascentá-la na simplicidade e na humildade de um novo Francisco!  Estejamos entre aqueles a quem o Mestre chamou de bem-aventurados ‘que creram sem ter visto’ (cf. Jo 20,29). Continuemos a aprofundar a “fé, fundamento daquilo que se espera e demonstração das coisas que não se veem” (cf. Hbreus 11,1). Pois mais do que nunca podemos ter a certeza de que “o pobre, porém, não ficará no eterno esquecimento; nem a esperança dos aflitos será frustrada para sempre” (Salmo 9,19).

Meus caríssimos leitores, irmãos e irmãs no Senhor Ressuscitado: comungando como nosso Pastor Francisco, vivamos intensamente esta nova Páscoa! Uma Páscoa de renovação, de verdadeira ”passagem” do antigo para o novo; uma Páscoa de um novo tempo de Igreja, Corpo de Cristo, dinâmica e missionaria!

Meu abraço fraterno e amigo,
                                                                                       
Pe. José Gilberto BERALDO


CARTA MCC BRASIL - MARÇO 2013 (163ª.)

“Dar-vos-ei pastores de acordo com o meu projeto.
Eles governarão com clarividência e sabedoria” (Jr 3,15).
Meus amados e irmãos e irmãs, caminheiros “quaresmais” neste singular momento de uma nova Páscoa com a vinda de um novo Pastor para o Povo de Deus:
1. A Igreja Católica na sua caminhada quaresmal de 2013. Passado o impacto inicial provocado pela renúncia do Papa Bento XVI ao Pontificado, a Igreja Católica - nós, portanto - passamos a viver, numa providencial coincidência, um tempo quaresmal de “oração, jejum e esmola” alimentados pela esperança de uma “Nova Páscoa”. Não quero fazer aqui qualquer referência ao que presumem, dizem, afirmam, negam, ousam e, até, inventam com uma espécie de quase sádica curiosidade, todos – e são, agora, dezenas e, até, centenas - os que se intitulam ou são intitulados de “vaticanólogos”, “vaticanistas”, ou “entendidos” em Espírito Santo, ou peritos em profecias sobre o futuro da Igreja Católica, mesmo que há anos-luz distantes dela, da fé por ela anunciada e praticada e, até, de sua história milenar, etc...!
Quero tão somente, agradecendo ao Pai que dá à igreja tais Pastores, respeitar e louvar a grandeza e a fantástica repercussão da humildade e do reconhecimento das próprias limitações de quem, até ontem, diante de multidões que o aclamavam, era carregado nos ombros e o chamavam de “Sua Santidade o Papa” e, não mais que de repente, volta ser o alemão Joseph Ratzinger! Simples assim! Quero, admirando o inesperado gesto de renúncia e desapego de um sábio e pastor – e espero que assim o façam também meus leitores e leitoras animados pela mesma fé – quero viver este momento singular na história eclesial como aquele momento “Kairós”, o momento oportuno para a ação do Espírito Santo: “É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação”(2Cor 6,1-2). “Salvação” no seu sentido de intervenção do mesmo Espírito na vida da Igreja. Santa e providencial coincidência, pois este momento do ano de 2013 será o coroamento da caminhada quaresmal da Igreja-Povo de Deus com a celebração pascal da escolha de um novo Papa por elementos humanos e do envio ao seu povo de um novo Pastor pelo Pastor dos pastores, Jesus de Nazaré!
Pergunta: meu caro irmão, minha irmã, por acaso, nestes momentos de certa indecisão na vida da Igreja, ainda ressoa nos seus ouvidos aquela palavra profética solenemente pronunciada por Jesus que, ao ouvir a corajosa declaração de Pedro: “Tu es o Messias, o Filho de Deus vivo” lhe responde diante dos outros discípulos: “Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la”? (Mt 16,18). Ou, no seu coração e na sua mente têm mais lugar boatos, insinuações, especulações ou interpretações de conteúdo eivado de malícia e, até, de ódio contra sua Igreja?
2. O Povo de Deus caminha na história “rumo ao Reino definitivo”. Viveu o profeta Jeremias num clima de grande turbulência entre o povo hebreu e é no contexto da volta de um cativeiro (provavelmente por volta dos anos 600 a.C.) que ele prevê a generosidade de Javé ao prometer a seu povo “pastores de acordo com meu projeto”. Penso que as palavras com que o Beato João Paulo II inicia sua Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Pastores Dabo Vobis” merecem, agora, uma oportuna reflexão: “Dar-vos-ei pastores segundo o Meu coração” (Jer 3, 15). Com estas palavras do profeta Jeremias, Deus promete ao seu povo que jamais o deixará privado de pastores que o reúnam e guiem: “Eu estabelecerei para elas (as minhas ovelhas) pastores, que as apascentarão, de sorte que não mais deverão temer ou amedrontar-se” (Jer 23, 4). A Igreja, Povo de Deus, experimenta continuamente a realização deste anúncio profético e, na alegria, continua a dar graças ao Senhor. Ela sabe que o próprio Jesus Cristo é o cumprimento vivo, supremo e definitivo da promessa de Deus: “Eu sou o Bom Pastor” (Jo 10, 11). Ele, “o grande Pastor das ovelhas” (Heb 13, 20), confiou aos apóstolos e aos seus sucessores o ministério de apascentar o rebanho de Deus (cf. Jo 21,15-17; 1 Ped 5,2)”. Repito, portanto, que julgo ser este um momento quaresmal único e privilegiado na história peregrinante do novo Povo de Deus.
3. Da peregrinação da Quaresma à Páscoa perene. Páscoa na história da salvação, Páscoa na Igreja-mistério, Páscoa na Igreja-comunhão, Páscoa na Igreja-missão. É a “passagem” pelas águas da libertação da escravidão egípcia para a “terra onde corre leite e mel” (cf.Ex 3,8); é a passagem da rigidez dos preceitos da Lei – Torá – para a ternura da misericórdia e da compaixão; é a passagem do “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo” para o “Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! (Mt 5, 43-44); é a passagem de um breve tempo quando “a grande multidão...eram como ovelhas sem pastor” (cf. Mc 6,34) para um novo tempo quando “ao sair do barco, Jesus viu um grande multidão e encheu-se de compaixão”, primeiro “ensinando-lhes muitas coisas” e, logo em seguida, “tomando os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, pronunciou a benção, partiu ao pães e ia dado aos discípulos para que os distribuíssem” (cf.Mc 6, 34-42). Nossa Páscoa perene, pois, está na celebração de uma passagem que nos levará à Vida e à Ressurreição. Passagem, aliás, que, de certo modo, depende de nossa disponibilidade em ser uma “massa nova lançando fora o fermento velho”. Neste contexto, ouçamos São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios: “Pois o nosso cordeiro pascal, Cristo, já está imolado. Assim, celebremos a festa, não com um fermento velho, nem com fermento de maldade ou de perversidade, mas com os pães ázimos de pureza e de verdade” (1Cor 6, 7b-8).
Ao desejar a todos uma perseverante caminhada quaresmal, desejo, sobretudo, que ela nos encontre a todos tão conscientes da festa pascal que, na santa noite da Vigília, ao receber o Círio aceso com aquele “fogo novo”, possamos cantar, com o diácono que anuncia o EXULTET, o júbilo da Páscoa: “Pois eis agora a Páscoa, nossa festa, em que o real Cordeiro se imolou: marcando nossas portas, nossas almas, com seu divino Sangue nos salvou”!
Pe. José Gilberto BERALDO
Nota. Já é do conhecimento geral que, desde o dia 10 de janeiro pp., o MCC do Brasil tem uma nova Coordenação Nacional, eleita na última Assembleia realizada durante o Congresso Nacional, no final do mês de novembro de 2012. Entre outras iniciativas, tomou a citada NA a de conferir-me o título de Assessor Eclesiástico Nacional Vitalício Benemérito do MCC do Brasil. Cabe-me, portanto, manifestar, mais uma vez, minha gratidão comovida a todos os irmãos e irmãs que, com tal gesto generoso, manifestaram sua confiança em quem, por mais de 35 anos, serviu à Igreja do Brasil no Movimento de Cursilhos. Por outro lado, de minha parte, procurarei corresponder a essa confiança na medida de minhas limitações. Incumbido pelo nosso atual Assessor Eclesiástico Nacional, Pe.Xico, continuarei, até que o Senhor se dignar dar-me forças e discernimento pastoral, escrevendo as Carta Mensais e dedicando parte do meu tempo para redigir a história do MCC no Brasil, completando o que já expus no Congresso Nacional com o tema “Achegas históricas do MCC do Brasil.


CARTA MCC BRASIL - FEVEREIRO 2013 (162ª.)

“Sendo seus colaboradores, exortamos-vos a não receberdes em vão a graça de Deus, pois ele diz:
 ‘No momento favorável, eu te ouvi, no dia da salvação eu te socorri’.
É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2Cor 6,1-2).

Meus muito amados leitores e leitoras, peregrinos companheiros no “já agora” rumo ao “ainda não” que é o Reino definitivo:

1. Uma nova etapa na vida do seguidor de Jesus. Eis que neste nosso peregrinar, reiniciamos uma nova etapa no seguimento das pegadas de Jesus. Esta nova etapa chama-se tempo da Quaresma. Depois de tê-lo recebido como a “Palavra que estava junto de Deus, e a Palavra era Deus” (cf.Jo 1,1) no Natal, feito à nossa carne semelhante; depois de, na Epifania, juntamente com os Magos, tê-lo contemplado como a “vida e a luz dos homens” (cf.Jo 1,4), também como eles, “retornamos à nossa terra” (cf. Mt 2,12) , isto é, voltamos ao nosso dia-a-dia, queira Deus que “passando por outro caminho”, ou seja, o caminho da perseverante conversão, novamente ao encontro com Jesus. Caminho que jamais deveria ser repetido porque há sempre um encanto novo, um novo fascínio, um novo entusiasmo em deixar-nos encontrar por Ele, em “não abandonar o primeiro amor,convertendo-nos e voltando à prática inicial” (cf. Ap 2, 4-5). 

2. Um insistente convite para a conversão. Por isso, de novo somos motivados e convidados pelo tempo quaresmal a iniciar-se, neste ano, no próximo dia 13, a rever os nossos passos: “É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação”, adverte-nos o Apóstolo Paulo. Com certeza, ano após ano, temos ouvido esta chamada. Uma chamada à conversão. É, até, bem possível que à força de repeti-la, a palavra “conversão” tenha perdido toda a sua força transformadora ou o seu alcance mais profundo para a nossa vida cristã. Ao comentar o “sinal” operado por Jesus ao transformar a água em vinho, nas bodas de Caná (cf. Jo, 2,1-12), assim se expressa um teólogo contemporâneo a respeito da conversão: “O chamamento à conversão quase sempre nos desagrada e nos cansa. Tornasse-nos tão antipático que a própria palavra «conversão» foi desaparecendo do nosso vocabulário como algo que é melhor esquecer. No entanto, é difícil que uma corrente nova de vida e de alegria refresque a nossa existência se não começarmos por transformar a nossa vida. A conversão é quase sempre o ponto de partida necessário para começar uma vida mais intensa, mais profunda e gozosa. Segundo Jesus, é um equívoco pôr um remendo novo num pano velho ou colocar vinho novo em barris velhos. É um erro pôr pequenos remendos numa existência envelhecida e deteriorada. Temos de renovar a nossa vida radicalmente”.[1] E prossegue com um “incômodo” questionamento: É a tragédia do nosso cristianismo. A nossa vida configura-se segundo os critérios e esquemas de uma sociedade que não está inspirada pelo evangelho. Pretendemos seguir Jesus sem conversão. O evangelho não consegue introduzir uma mudança no nosso estilo de viver. Dir-se-ia que a fé não tem força para transformar radicalmente nossa vida. Acreditamos no amor, na conversão, no perdão, na solidariedade, no seguimento de Jesus, mas vivemos instalados no consumismo, na busca egoísta do bem-estar, na indiferença perante o sofrimento alheio”.
Pergunta:, meu querido leitor, minha querida leitora, é assim mesmo que está transcorrendo a sua vida de seguidor ou seguidora de Jesus? É este o seu conceito de “conversão”? Ou este é o seu modelo de convertido (a)?
 3. Alguns passos “quaresmais” para a conversão. Diríamos que são sempre os mesmos e repetitivos, mas que são sempre o itinerário mais adequado para uma vivência do tempo da Quaresma. Três são estes passos:
3.1. Oração. É comum ouvir-se dizer que “a vida do cristão já é uma oração” ou que “devemos fazer da vida uma oração”. Sem dúvida, esta deveria ser a realidade e a concretização de nossa relação com o nosso Pai que está nos céus e com todos os nossos semelhantes. Entretanto, nem sempre é assim, pois, em muitos casos trata-se de uma espécie de fuga do tempo que deveria ser exclusivamente consagrado à oração. E nem a vida é uma oração e nem a oração faz parte da vida. O exemplo de Jesus é claro e motivador para estes momentos dedicados à oração. Os Evangelhos narram, com destaque, a frequência com que, fugindo do ruído ou da aclamação das multidões e, até, da convivência com os discípulos, Ele passava as noites em oração. Subia às montanhas para orar (cf. Mt 14,23; Mc 6,46; Lc 9,28; Jo 6,15), para dialogar com o Pai e para estar a sós na intimidade com Ele.
Pergunta: sobretudo neste tempo de Quaresma, haverá um tempo salvado do corre-corre do seu dia, para dedicar-se ao diálogo com o Pai que está nos céus? E não apenas para pedir, mas para agradecer e louvar? Ou, quem sabe, para silenciar diante dEle e na intimidade dEle, silenciar o seu coração e as vozes que o distraem de ouvi-Lo? Em fim, um tempo para a contemplação?

3.2. Jejum. Para além dos tradicionais dias de jejum e abstinência de carne prescritos pela Igreja, é fundamental para os seguidores de Jesus que sua observância seja concretizada na resistência aos fortes apelos de uma sociedade altamente consumista, relativista e materialista. Quantas vezes, atraídos pelas vozes dos modernos meios de comunicação, deixamo-nos seduzir e intoxicar pelo acúmulo de tantas coisas supérfluas e descartáveis ou pelo esbanjamento que, além de tudo, prejudicam a convivência fraterna, o exercício da solidariedade e a prática da justiça!
 Pergunta: nesta Quaresma, qual é sua disposição e disponibilidade para a renúncia a tantas coisas inúteis e prejudiciais, não só para o seu crescimento na vida cristã mas, até, para a sua própria saúde física?   

3.3. Esmola. Sabemos todos que o sentido de “esmola” ultrapassa o mero donativo de algumas moedas ou de uma peça de roupa velha que já está para ser jogada no lixo. Esmola é, antes de tudo, partilha, amor mútuo, auxílio aos que sofrem, luta pela dignidade da pessoa. Esmola é solidarizar-se (do latim “solidum” = fazer-se um com o outro); compadecer-se (sofrer com o próximo que de nós necessita) e identificar-se com o “mandamento novo”: “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros” (Jo 13,34a). E amar sem medida, até dar a vida: “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13, 34b).
Pergunta: neste tempo quaresmal, qual serão os gestos de “esmola” que você se dispõe a fazer?

Campanha da Fraternidade: nós, católicos brasileiros participamos anualmente, na Quaresma, da Campanha da Fraternidade, cujos lemas e temas, sempre muito oportunos, contribuem, para aprofundar nossas reflexões e ajudar nossa tomada de posição frente a situações e problemas que desafiam nossa fé e nos ajudam a construir uma sociedade sempre mais justa e fraterna. Neste ano, devido à celebração no mês de julho, da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro e com a presença do Papa Bento XVI, a CF tem por Tema: FRATERNIDADE E JUVENTUDE e o Lema: “EIS-ME AQUI. ENVIA-ME”. Com esta lembrança, queremos incentivar os caros irmãos e irmãs a que participem ativamente da CF em todas as nossas paróquias, movimentos e associações. Assim, nas reflexões desta Carta, cremos desnecessário tecer comentários a respeito.

Desejando a todos um santo tempo quaresmal, vivido com as esperanças de uma alegre celebração pascal, deixo meu abraço fraterno,



Pe.José Gilberto BERALDO


Carta MCC Brasil - Janeiro 2013 (161ª.)

“Aquele que está sentado no trono disse:
“Eis que faço novas todas as coisas”.
Depois, ele me disse:
“Escreve, pois estas palavras são dignas de fé e verdadeiras” (Ap 21,5)
Amado leitores e leitoras, saudando-os fraternalmente neste início de um novo ano, espero, com mais esta Carta, “escrever-lhes palavras dignas de fé e verdadeiras”!
Notícia: sendo estas nossas Cartas dirigidas especialmente ao Movimento de Cursilhos de Cristandade do Brasil e aos seus participantes, comunico a todos que no próximo dia 10 de janeiro, no escritório do Movimento, em São Paulo, tomará posse a nova Coordenação Nacional eleita pela última Assembleia Nacional e cuja gestão será, de acordo com o Estatuto do MCC do Brasil no período de janeiro de 2013 a janeiro de 2016. É urgente, portanto, que todos peçamos a Deus que, pelo Espírito Santo, ilumine e fortaleça o novo Grupo Executivo Nacional do MCC para que, sensível aos sinais dos tempos, saiba orientar o Movimento em busca do seu carisma original e em plena comunhão com a Igreja.Referida esta importante notícia, passemos às nossas habituais reflexões.
Mais um ano na história da humanidade ficou para trás. Projetos traçados, não realizados; esperanças acalentadas, frustradas; sonhos sonhados, esfumaçados; “profecias” amplamente propagadas (e, infelizmente, por muitos acreditadas!), um fiasco... em fim, o mundo não acabou no dia 21 de dezembro! E segue a história o seu curso. Curso que, nos nossos tempos, se caracteriza pelas surpreendentes – ou nem tanto, sobretudo para os jovens – e aceleradas transformações e mudanças. Estamos já quase cansados de ouvir que já não se trata de uma época de mudanças e, sim, de mudança de época: mudanças radicais de mentalidade, de costumes, de posturas, de modos de relacionamento, etc.. Contudo e apesar de tudo, seguem - homens e mulheres -, desde sempre enredados nas mesmas perguntas nunca definitivamente respondidas: quem sou eu? donde vim? para onde vou? Não obstante, há que se começar tudo de novo, pelo menos no calendário da sucessão dos tempos. E nós, seguidores de Jesus pelos caminhos da história, qual seria o ponto de partida para dar resposta a estas perguntas? Que olhar lançamos nós sobre esta mudança de época? Continuaremos na mesmice e na rotina de sempre?
Nosso olhar haverá de ser o olhar do próprio Deus, isto é, o olhar da fé. É “Aquele que está sentado no trono” que os diz: “Eis que faço novas todas as coisas”. Esta palavra é dirigida a todos os que creem, a todos convidando, neste início de ano, neste Ano da Fé, para uma renovação radical. “Fazer novas todas as coisas”, isto é, renovar-se mantendo acesa a chama da esperança. Como?
1. Renovar a mente ou, melhor diria, a mentalidade. A mentalidade é a determinante de nossas decisões e de nosso modo de agir, é maneira com que pensamos. Em outras palavras, renovar a mentalidade e iluminá-la com a Palavra significa converter-se. A cada novo dia, a cada manhã, a cada hora, a cada minuto... a Palavra é a única agente de transformação contínua para os que têm fé. Portanto, o fiel seguidor de Jesus, vai moldando a sua mentalidade à medida que a Palavra – Jesus – vai traçando para ele um novo projeto de vida. Um novo projeto de vida para o ano que agora começa! Ouçamos São Paulo: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito” (Rm 12,2). Dessa forma, com nossa vida renovada e estimulada por um novo projeto, poderemos ser mais autênticas testemunhas de Jesus neste novo tempo da história!
2. Renovar suas opções fundamentais. Ou seja: redirecionar para aquele que é “O CAMINHO, a VERDADE e a VIDA” todos os seus planos para o novo ano. “Opção fundamental” significa renúncia a tudo o que se mostra como acidental, transitório ou secundário e, portanto, escolha do que é essencial, isto é, do seguimento incondicional de Jesus. Renovar nossa opção fundamental é optar pelo novo. Optar pelas “novas coisas” que Deus quer fazer por nós e conosco: “Eu lhes darei um só coração e infundirei neles um espírito novo. Extrairei do seu corpo o coração de pedra e lhes darei um coração de carne, de modo que andem segundo minhas leis, observem e pratiquem meus preceitos. Assim, serão meu povo e eu serei o seu Deus” (Ez 11,19-20). Renovar nossa opção fundamental é viver, a cada momento, uma vida nova. Em virtude da fé, esta vida nova plasma toda a existência humana segundo a novidade radical da ressurreição. Na medida da sua livre disponibilidade, os pensamentos e os afetos, a mentalidade e o comportamento do homem vão sendo pouco a pouco purificados e transformados, ao longo de um itinerário jamais completamente terminado nesta vidaA «fé, que atua pelo amor» (Gl 5,6), torna-se um novo critério de entendimento e de ação, que muda toda a vida do homem (cf. Rm 12,2; Cl 3,9-10; Ef 4,20-29; 2Cor 5,17). São palavras inspiradas do Papa Bento XVI na sua Carta “A Porta da Fé” proclamando o Ano da Fé (cf.PF 6).
3. Renovar ou purificar seu olhar. Iluminados pela fé, neste ano que começa, procuremos olhar com o olhar de Deus, as circunstâncias que tecem a realidade de nossa vida. Não há dúvida de que, apesar de tantas contradições do tempo presente, de tantas desilusões e, ainda, de tantos desesperos, o cristão, no início do ano, vê tudo com olhos de esperança. Ao dirigir-se aos Efésios, Paulo suplica ao Pai que lhes dê o “Espírito da sabedoria e da revelação...” desejando: “Que ele ilumine os olhos do vosso coração, para que conheçais a esperança à qual ele vos chama, a riqueza da glória que ele nos dá em herança entre os santos” (Ef 1, 17-18).
É bom iniciarmos um novo ano, lembrando o Ano da Féproclamado por Bento XVI com a Carta “A Porta de Fé” e que, entre outras oportunas lembranças, assim se expressa no parágrafo 13: Ao longo deste tempo, manteremos o olhar fixo sobre Jesus Cristo, «autor e consumador da fé» (Hb 12,2): n’Ele encontra plena realização toda a ânsia e anelo do coração humano. A alegria do amor, a resposta ao drama da tribulação e do sofrimento, a força do perdão face à ofensa recebida e a vitória da vida sobre o vazio da morte, tudo isto encontra plena realização no mistério da sua Encarnação, do seu fazer-Se homem, do partilhar conosco a fragilidade humana para a transformar com a força da sua ressurreição. N’Ele, morto e ressuscitado para a nossa salvação, encontram plena luz os exemplos de fé que marcaram estes dois mil anos da nossa história de salvação”.
Maria, é o primeiro dos “exemplos de fé” de que fala o Papa. Feliz coincidência, então, começar o ano com a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus. Ainda com Bento XVI renovemos nossa confiança para um novo, abençoado e fecundo 2013: “À Mãe de Deus, proclamada “feliz porque acreditou” (cf.Lc 1,45), confiamos este tempo de graça”!
Concluo manifestando meu ardente desejo de que, pelos homens e mulheres de boa vontade em todo o mundo, o espírito do Dia Mundial da Paz e da Fraternidade Universal comemorado no primeiro dia do ano, possa perdurar durante todo o ano de 2013!
Meu abraço fraterno, com carinho, no amor “D’Aquele que está sentado no trono” e que “disse: “Eis que faço novas todas as coisas”,
Pe.José Gilberto Beraldo
Equipe sacerdotal do GEN

Carta do GER - Grupo Executivo Regional

Estamos publicando a carta de fim de ano da coordenadora do Grupo Executivo Regional do Movimento de Cursilho de Cristandade.


MOVIMENTO DE CURSILHO DE CRISTANDADE DO BRASIL 

GRUPO EXECUTIVO REGIONAL CENTRO OESTE


Meditando a chegada de Cristo, devemos buscar o arrependimento dos nossos pecados e preparar o nosso coração para receber “Aquele que vem!”

Carta Nº 24/2011 Goiânia, 12 de dezembro de 2011


Prezados Coordenadores e Equipes,


O profeta João Batista pode dar-nos algo de sua coragem, para que, ao mesmo tempo em que celebramos com alegria o Novo que vem, não recuemos diante do compromisso de abrir a boca e dizer a verdade, aplainando os ásperos caminhos da mentira e da corrupção, da injustiça e da violência, do terror e da iniqüidade. Nesse Tempo de Espera, estamos informando:
* Temos a confirmação do número sorteado do primeiro prêmio é 47323. A pessoa é do GED de Uruguaiana (GER Sul III): da cidade de São Francisco de Assis, RS.
* Nesta oportunidade o GER Centro Oeste agradece profundamente a todos os GEDs que se empenharam em vender e acertar a venda da Rifa, ajudando realizar a festa do Grande Jubileu em 2012;
* O GER participou da Assembléia Diocesana Eletiva de Itumbiara dia 27 de novembro próximo passado;
* Realizou, com o GED de Itumbiara, no dia 26, a 1ª Reunião Preparatória da Assembléia Regional/2012;
* Dia 27 de novembro, o GER esteve presente também na Assembléia Diocesana de Goiânia, nas pessoas do Vice-Coordenador, Claudio e do Conselheiro, Antônio Santana;
* Participou da Assembléia Diocesana de São L. M. Belos, dia 04 pp;
* Dia 11 pp, realizou palestra num Encontro de “Família, projeto de Deus” promovido pelo MCC na Paróquia São Sebastião e Santa Rita de Cássia, em Araçu.
Mesmo tendo sido agendado, queremos ainda recomendar atenção especial dos GEDs para as datas:
* 28,29,30/04 e 1º/05/2012: I Encontro dos Jovens Cursilhistas do Regional Centro Oeste, que se realizará na Diocese de Jataí, na Cidade de Rio Verde, abertura às 18 horas do dia 28 (sábado) e encerramento com almoço às 12 horas do dia 1º de maio
* Coordenadores de GED são CONVOCADOS pelo GER a participarem e providenciarem a participação dos jovens cursilhistas de sua Diocese, conforme o número de vagas a ser enviado em fevereiro/2012;
* Dias 1º, 02 e 03 de junho, será realizada a Assembléia Regional: onde os membros eleitos dos GEDs têm obrigação estatutária de comparecer: Coordenador, Vice e Assessor Eclesiástico, além de poder completar suas vagas com aqueles que estão mais próximos das decisões e realizações dos GEDs, ex: Coordenadores de Setores Diocesanos, Coordenadores de Escolas, Coordenadores de Cursilhos, Representante Jovem...
* Lembrar que nesta AR faremos a Grande Celebração Regional do Jubileu do MCC manifestada na Caminhada DECOLORES da Beira Rio até a Catedral, onde D. Antônio Lino celebrará conosco a Santa Missa em ação de Graças.
* Lembramos a todos que a AR/2012 é ELETIVA, somos todos responsáveis pelo MCC não só na Diocese que cada um atua, mas também no conjunto Regional, “SOMOS RESPONSÁVEIS OU PORQUE ASSUMIMOS OU PORQUE ELEGEMOS QUEM ASSUME”. Acreditamos que a causa é mais d’Ele do que nossa, por isso peçamos ao Senhor que nos ilumine, que nos ajude a fazer a melhor opção.
* Cada GED deve agendar em sua Diocese, uma Missa com Sr. Bispo, também em Ação de Graças e promover uma manifestação pública demonstrando a alegria pelo “nosso olhar DECOLORES pelas estradas da vida!”
* Passar para o GER o Calendário Diocesano 2012, principalmente as datas de Assembléias Diocesanas e o dia dessa grande comemoração do Jubileu, pois o GER quer participar.
Agora, vamos dar um tempo!
Na certeza que a Fé que nos une também nos reúne na Mesa da Eucaristia, deixamos nosso abraço fraterno e votos de Feliz e Santo Natal e que o Ano Novo seja um ano de muitas Graças para todas as famílias DECOLORES e para todos, homens, mulheres, crianças, jovens e adultos de Boa Vontade. Que Maria, a Mãe da Santa Esperança, interceda por nós e pelos destinos do MCC em Ano Jubilar!

Carta do mês de dezembro de 2011

Carta MCC Brasil – Dezembro 2011 (148ª.)

“A Palavra do Senhor permanece eternamente. E esta é a palavra do Evangelho que vos foi anunciada como Boa Nova”
(1 Pd 1, 25; cf. Is 40, 8).

Amados irmãos e irmãs, peregrinos neste Advento, discípulos do Verbo e missionários portadores da Palavra que “se fez carne e veio armar a sua tenda no meio de nós” (Jn 1,14), estejam com todos vocês a paz e as bênçãos do Pai.

Com as palavras do Apóstolo Pedro que as busca em Isaías, inicio esta carta de dezembro, inspirado na Exortação Apostólica pós-sinodal VERBUM DOMINI (VD 11) do Papa Bento XVI. E porque assim proponho? Porque o Papa vai mostrar-nos a fascinante relação – ou, melhor, a misteriosa identidade de Jesus com a Palavra. Esse mesmo Jesus que se faz carne no seio de Maria e se manifesta no Natal. Dezembro, portanto, Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, Natal do Verbo do Senhor, Natal da Palavra. Assim, podemos, nesta Carta natalina, refletir mais demoradamente – o quanto nos permite nosso espaço tão limitado – sobre a introdução desse precioso Documento do magistério, detalhado, sobretudo, no parágrafo “CRISTOLOGIA DA PALAVRA” (VD 11) e no parágrafo “MARIA ‘MÃE DO VERBO’ e ‘MÃE DA FÉ’” (VD 27). Proponho, portanto, que nossa reflexão a seguir seja toda ela iluminada pela luz da Palavra encarnada que nos vai falar, outra vez, neste Natal.

1.       Por que “Cristologia da Palavra”? À primeira vista temos a impressão de que, com essas duas palavras, o Papa vai fazer mais um discurso teórico sobre Jesus Cristo. Entretanto, depois de refletir sobre o texto, chegamos à conclusão de que se trata de muito mais do que isso. Com efeito, com essa expressão, entramos no coração do mistério de Cristo-Palavra, pois este quer ser o significado de “Cristologia”, a Palavra (logos) manifestada em Cristo e prevista já desde o Antigo Testamento: “A partir desse olhar sobre a realidade como obra da Santíssima Trindade, através do Verbo divino, podemos compreender as palavras do autor da Carta aos Hebreus: ‘Tendo Deus falado outrora a nossos pais, muitas vezes e de muitas maneiras, pelos Profetas, agora falou-nos nestes últimos tempos pelo Filho, a Quem constituiu herdeiro de tudo e por Quem igualmente criou o mundo’ (Hb 1,1-2)”. (VD 11). O próprio Papa nos diz que “A Palavra não se exprime primeiramente num discurso, em conceitos ou regras; mas vemo-nos colocados diante da própria pessoa de Jesus. A sua história, única e singular, é a palavra definitiva que Deus diz à humanidade”.
Primeiro ponto: Sendo Jesus a “palavra definitiva que Deus diz à humanidade”, você já se está dispondo, durante este tempo do Advento, a ouvi-la, de novo, neste Natal? Pois “trata-se de uma novidade inaudita e humanamente inconcebível”: “O Verbo fez-Se carne e habitou entre nós” (Jo 1,14a) (VD 11). E continua a Exortação: “Estas expressões não indicam uma figura retórica, mas uma experiência vivida”. Cristo, portanto, espera que cada um de nós, seus discípulos missionários, façamos dEle uma “experiência de vida” e que procuremos fechar os ouvidos a outras vozes, ruídos e clamores que nos impedem de ouvir a Palavra. Pergunte-se: quais são os rumores dominantes em sua vida, à sua volta, nos círculos de sua convivência?

2.  “O Senhor compendiou a sua Palavra, abreviou-a” (Is 10,23; Rm 9,28). Aqui está, a meu juízo, um dos mais belos trechos da VD. Por quê? Pela aproximação que ela faz entre nossa tão limitada e pobre condição humana e a Palavra, a pessoa de Jesus. Qualquer comentário que se poderia fazer sobre este parágrafo sem que se conheça seu inteiro teor, poderia diminuir seu encanto, sua beleza e originalidade. Por isso, transcrevo-o literalmente: “A tradição patrística e medieval, contemplando esta «Cristologia da Palavra», utilizou uma sugestiva expressão: O Verbo abreviou-Se. «Na sua tradução grega do Antigo Testamento, os Padres da Igreja encontravam uma frase do profeta Isaías – que o próprio São Paulo cita – para mostrar como os caminhos novos de Deus estivessem já preanunciados no Antigo Testamento. Eis a frase: “O Senhor compendiou a sua Palavra, abreviou--a” (Is 10, 23; Rm 9, 28). (…) O próprio Filho é a Palavra, é o Logos: a Palavra eterna fez-Se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez--Se criança, para que a Palavra possa ser compreendida por nós». Desde então a Palavra já não é apenas audível, não possui somente uma voz; agora a Palavra tem um rosto, que por isso mesmo podemos ver: Jesus de Nazaré” (VD 12). Pergunto-lhe, meu caro irmão, minha querida irmã: você já encontrou expressão tão significativa, tão real e, até, tão emocionante como esta para mergulhar no mistério da Encarnação da Palavra, do Verbo que é Jesus? “Abreviar-se”, tornar-se pequeno, descer até as últimas limitações do ser humano: “a Palavra eterna fez-se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura”... Já São Paulo havia ido bem mais além: “Ele, existindo em forma divina, não se apegou ao ser igual a Deus, mas despojou-se, assumindo a forma de escravo e tornando-se semelhante ao ser humano. E, encontrado em aspecto humano, humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte- e morte de cruz” (Fl 2, 6-8).
Segundo ponto: vivemos numa cultura e numa sociedade onde as pessoas valem e existem pelo que podem, pelo que têm, pelas aparências que ostentam. A própria celebração da Palavra que no Natal nasce “abreviada” para que “possa ser compreendida por nós”, é ocasião para apelos de toda ordem e em todos os tons ao consumo, à vaidade, ao supérfluo, enfim, a uma festa nada menos que paganizada. Parecem ser mais importantes os presentes dados e recebidos do que o divino presente da Palavra! E nós, discípulos, missionários e que desejamos ser seguidores da “Palavra que agora tem um rosto, que por isso podemos ver: Jesus de Nazaré”–, como vamos viver para mergulharmos, mais uma vez,  no mistério da Palavra?

3.   “Maria, Mãe do Verbo”, “Mãe da Fé” e “Mãe da Alegria”. Ao nascer uma criança, parentes e amigos se apressam para cumprimentar a mãe. Manifestam sua alegria de todas as maneiras, presenteando mãe e filho, desejando que a criança seja o ser humano que a mãe sonhou durante toda sua vida e, particularmente, durante a gravidez: que ela cresça saudável; que ela seja cada vez mais linda, mais inteligente, mais admirada e elogiada por todos os que venham a conhecê-la no futuro. Entretanto, para Maria as perspectivas para seu filho, são inteiramente outras. Ainda que assídua na escuta da Palavra, que surpresa, digo, quase que susto Maria leva ao ouvir tudo o que ultrapassa os desejos e as esperanças de todas as mães terrenas: “Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande; será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor lhe dará o trono de Davi, seu Pai. Ele reinará para sempre sobre a descendência de Jacó. E o seu reino não terá fim” (Lc 1, 31-33). E a Mãe pronuncia aquele pleno consentimento que a faz a Mãe do Verbo, Mãe da Fé e Mãe da Alegria: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tuas palavra”. E o “Verbo”, filho de Maria, “foi crescendo, ficando forte e cheio de sabedoria. A graça de Deus estava com ele” (Lc 2,40). Sonho do Pai, sonho da Mãe Maria, Mãe do Verbo, Mãe da Fé e Mãe da Alegria! E a VD fala-nos que Maria “se identifica com a Palavra, e nela entra; neste maravilhoso cântico de fé, a Virgem exalta o Senhor com a sua própria Palavra: «O Magnificat – um retrato, por assim dizer, da sua alma – é inteiramente tecido de fios da Sagrada Escritura, com fios tirados da Palavra de Deus. Desta maneira se manifesta que Ela Se sente verdadeiramente em casa na Palavra de Deus, dela sai e a ela volta com naturalidade. Fala e pensa com a Palavra de Deus; esta torna-se Palavra d’Ela, e a sua palavra nasce da Palavra de Deus” (VD 28).
Terceiro ponto: estamos conscientes de que “Contemplando na Mãe de Deus uma vida modelada totalmente pela Palavra, descobrimo-nos também nós chamados a entrar no mistério da fé, pela qual Cristo vem habitar na nossa vida”? E mais: “Como nos recorda Santo Ambrósio, cada cristão que crê, em certo sentido, concebe e gera em si mesmo o Verbo de Deus: se há uma só Mãe de Cristo segundo a carne, segundo a fé, porém, Cristo é o fruto de todos”. Finalmente, que providências você poderá tomar para que “o que aconteceu em Maria possa voltar a acontecer em cada um de nós diariamente na escuta da Palavra e na celebração dos Sacramentos”?(VD 28). Ah, sim: uma última pergunta: que presente você vai dar à Mãe, Maria, e ao recém-nascido, Jesus, a Palavra do Pai?

Com meu abraço fraterno, termino desejando a todos um fecundo tempo de espera no Advento e uma divina realização de nossa esperança no renovado nascimento da Palavra no Natal!


Pe. José Gilberto Beraldo
                                                                   Grupo Sacerdotal do GEN